O Desafio da Implementação e Avaliação da Maturidade em Áreas de Arquitetura para a Transformação Digital
- Daniel Rosa
- 24 de set.
- 3 min de leitura
Estabelecer uma área de Arquitetura Corporativa como agente de transformação digital representa um dos maiores desafios estratégicos das organizações. Mais do que estruturar um time ou definir ferramentas, trata-se de compreender com clareza o nível atual de maturidade e, a partir dele, orquestrar planos concretos para evolução contínua.
A Arquitetura Corporativa se consolida como um pilar de governança e inovação, mas muitas empresas ainda enfrentam dúvidas fundamentais: como estruturar uma área dedicada? Quais perfis profissionais recrutar? Quais frameworks e metodologias adotar?. Além disso, persiste a dificuldade em reconhecer plenamente o papel estratégico da arquitetura, seus stakeholders-chave e o modelo de governança mais adequado às necessidades do negócio.
Nesse cenário, modelos de maturidade assumem papel decisivo. Referências como o Architecture Capability Maturity Model (ACMM), o US GAO EAMMF (adotado pelo TOGAF como padrão de avaliação) e frameworks do Gartner são instrumentos de diagnóstico que ajudam a mapear lacunas e orientar prioridades. Entretanto, é importante ressaltar: nenhum modelo entrega uma métrica absoluta. Mais do que pontuar, um modelo deve identificar práticas, expor fragilidades e guiar o roadmap de evolução arquitetural.
O valor de uma avaliação de maturidade está em transformar diagnóstico em ação. O estágio identificado deve servir como base para a formulação de um portfólio de iniciativas que melhorem competências, fortaleçam capacidades de negócio e ampliem a contribuição da arquitetura para resultados estratégicos.
Estágios de maturidade segundo o modelo US GAO EAMMF
Estágio 01 – Informal: atuação ad hoc, sem método definido, com baixa previsibilidade.
Estágio 02 – Em Desenvolvimento: adoção inicial e customização de frameworks e ferramentas.
Estágio 03 – Definido: métodos consolidados, análise estruturada de cenários AS-IS/TO-BE e suporte direto a estratégias de negócio.
Estágio 04 – Gerenciado: indicadores claros que conectam a atuação da arquitetura a resultados de negócio.
Estágio 05 – Otimizado: integração plena às decisões estratégicas, elaboração de roadmaps detalhados e análise de alternativas de investimento.
Estágio 06 – Melhoria Contínua: monitoramento permanente das mudanças organizacionais e ajustes dinâmicos ao framework de arquitetura.
Maturidade como fator de transformação digital
O TOGAF orienta que a avaliação de maturidade esteja integrada ao ciclo ADM (Architecture Development Method), especialmente nas fases Preliminary e Architecture Vision (Fase A), quando são definidos princípios, capabilities e o modelo de governança. Essa avaliação, quando associada ao Capability-Based Planning e aos Value Streams, permite conectar a evolução arquitetural diretamente à entrega de valor para o negócio.
Na prática, empresas maduras utilizam a avaliação não apenas como um exame técnico, mas como ferramenta estratégica para:
Priorizar investimentos digitais alinhados às capacidades críticas;
Orquestrar programas de inovação e agilidade organizacional;
Ampliar a resiliência de processos por meio da integração de segurança e gestão de riscos;
Fortalecer a colaboração entre arquitetos de negócio, solução, dados, tecnologia e segurança.
Do diagnóstico à ação
Nos treinamentos que conduzimos, como o programa “Criando uma Área de Arquitetura para Transformação Digital”, propomos um modelo prático com mais de 35 atividades específicas para apoiar o mapeamento de lacunas e a definição de planos de evolução. Esse modelo atua como um instrumento estruturante para:
Organizar a jornada de maturidade em ciclos incrementais (inspirados em práticas ágeis e em sprints ADM);
Definir artefatos e entregáveis padronizados (catálogos, matrizes e diagramas conforme o TOGAF Content Framework e o ArchiMate);
Conectar capacidades de negócio a fluxos de valor;
Construir uma narrativa executiva que permita aos C-Levels compreender o impacto da arquitetura sobre eficiência, crescimento e inovação.
Avaliar a maturidade arquitetural é menos sobre classificação e mais sobre transformação. O verdadeiro diferencial está em usar esse processo como plataforma de evolução contínua, garantindo que a Arquitetura Corporativa deixe de ser apenas um centro de custos e se consolide como um motor estratégico da transformação digital.
Por: Daniel Rosa
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